O sintoma como caminho para o autoconhecimento

È comum quando temos algum sintoma desagradável, vivenciar apenas seu aspecto negativo, pois este prejudica e muito o nosso cotidiano. Uma dor, um processo inflamatório, uma enfermidade que nos limita, tudo isso é visto por nós como algo que não possui nenhuma finalidade, a não ser a de provocar sofrimento e perturbar nossa atuação no dia-a-dia. A mesma coisa acontece com os sofrimentos psíquicos, os complexos, as neuroses e todos os processos psicológicos que de alguma forma atrapalham a nossa vida, estancam nossa criatividade, interferem em nossa atuação no mundo e em nossos relacionamentos com as pessoas.

Todos os sintomas, sejam eles físicos ou psíquicos, são de grande valia não só para o autoconhecimento, mas para uma profunda reflexão de como estamos atuando na vida e quais correções necessárias devem ser feitas.
Através do sofrimento podem emergir muitas reflexões importantes sobre a vida: a crise pode ser uma oportunidade de pararmos de olhar só para fora e também olhar para dentro de nós, proporcionando a chance de uma melhor adaptação ao mundo interno.

Diante disso podemos ver o sofrimento psíquico também como um caminho de reflexão, como um alerta que algo está errado, através do sintoma se desencadeia o processo de cura.
A meta da saúde psíquica envolve a tomada de consciência o que nos possibilita o autoconhecimento. Quando falamos de autoconhecimento, não estamos nos referindo a um inventário dos conteúdos da nossa consciência, mas, pelo contrário, ao estabelecimento de um diálogo profundo e uma observação cuidadosa de nosso inconsciente. Esse é o grande benefício do confronto com o inconsciente, o conhecimento profundo de si mesmo, pois em nosso inconsciente também moram aspectos sadios e criativos de nossa personalidade.

Quando um psicólogo é procurado por um cliente, ele está em situação de crise, ele já tem um prejuízo em vários aspectos de sua vida, percebe que não dá conta de resolver seus problemas, chegou ao limite das suas possibilidades conscientes. È pouco provável que sem a crise as pessoas procurassem entender o que se passa com elas, identificar o sentido de sua angústia e quais são os fatores que levam a perda de autonomia perante a vida.